terça-feira, janeiro 12, 2010

Dicas para quem vai extrair o dente do siso

1 - Passe ao menos 30 dias (antes da cirurgia) sem tomar sorvete e sopa. Você certamente irá enjoar disso tudo já no primeiro dia.

2 - (apenas para os homens) faça a barba na noite anterior ou algumas horas antes da intervenção. Nos primeiros 4 dias será pouco provável você conseguir passar a lâmina de barbear no rosto. Eu, por exemplo, fiquei parecendo um ogro!

3 - Não compareça a reuniões de família ou confraternizações entre amigos logo após a cirurgia. Enquanto todos estarão bebendo e comendo carne à vontade, você vai, no máximo, sentir o cheiro.

4 - Alugue uns 30 filmes. Esses serão os seus melhores amigos, pois você não precisará abrir a boca (sim... até mesmo isso faz você sentir dores).

5 - Fique alheio de todas as festas, baladas, bailes ou outra atividade social ao seu redor. Já é ruim saber daquela festa que você tanto queria ir e ter que ficar em casa. O pior ainda é encontrar algum conhecido que vem falando "noooossssaaaaa!!! a noitada foi animal!!! cheguei em casa as 07:00 da manhã".

sábado, janeiro 09, 2010

Pela estrada afora, eu vou bem sozinho... (final)

Brasil!! Um país de todos! Que coisa bonita.

Já no controle de passaporte aquela fila imensa, gente furando a fila (quando possível) e barulho, muito barulho! Foi nessa "caminhada" de 20 minutos que eu realmente percebi que estava em "casa". Não foi devido à fila, mas por causa de um conterrâneo que gritava para alguém na fila dos gringos (em português, é claro) a seguinte frase:

"Viuuuuu!!! Fica ai que nóis vai buscá as mala. Nóis si incontra no fri shopiii"

Depois dessa obra-prima da língua portuguesa, passei o controle de passaporte, peguei as minhas malas, passei o controle de alfândega e pude esperar a minha carona.

Em menos de 10 minutos o meu amigo estava lá e fomos para a casa do pai dele.

A experiência em São Paulo foi uma combinação de receptividade, decepção e medo. Explico: a família do meu amigo foi fora de série. Na verdade fui extremamente bem recebido e me senti super à vontade com eles (nota 10). A decepção ficou por conta da salsa. Na mesma noite resolvemos ir para a salsa, afinal, a parada em SP tinha um motivo específico ;-) Fomos a duas casas onde se toca salsa. Os dois ambientes deixaram a desejar por dois motivos. 1 - muito cheio; 2 - ninguém dançava (nem vou entrar no mérito do preço). Tanto um quanto outro pareciam muito mais uma balada com música de salsa do que propriamente um local pra dançar salsa. O quesito medo foi pelo simples fato de ter que andar em SP. Na primeira noite em que saímos em busca da salsa, ficamos parados mais de 40 minutos em um congestionamento. Isso até seria "aceitável" se não fosse o detalhe de serem as 02h50min e a visão de vários indivíduos, digamos, suspeitos andando a pé entre os carros.

Enfim, no dia 13/12 outro congestionamento e peguei o ônibus para viajar de São Paulo a Videira. Essa viagem foi também particular (pelo menos o ônibus era leito). A saída correu bem, apesar do trânsito caótico de SP. Depois do filme que eu ignorei por completo, resolvi dar uma dormidinha, mas quem disse que foi possível? O indivíduo da poltrona a frente da minha ficou com a luz acesa até as 00h30min e, apesar do foco da luz estar direcionado para a poltrona dele, aquilo atrapalhava muito. Quando o feliz resolveu dormir, alguma outra criatura (provavelmente um bípede) resolveu roncar. Moral da história, passava das 02h00min e eu ainda estava com os olhos que pareciam duas bolicas. Depois disso acabei dormindo, mais de cansado do que qualquer outra coisa.

Passadas 12h30min de viagem, finalmente cheguei à minha adorada (às vezes nem tanto) terra natal.

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Pela estrada afora, eu vou bem sozinho... (2)

Respondi:
"Não, ninguém me avisou!!"

"Acontece que o seu vôo Zurique - São Paulo foi cancelado já faz mais de seis meses"

Naquele momento me deu vontade de mandar todos pro inferno, mas como sempre, respirei fundo e pensei "agora fodeu!"

Fui em direção ao balcão de atendimento para tentar encontrar uma solução. Telefona daqui, telefona dali e todos os vôos para o Brasil que a Swiss operava ou tinha parceiros estavam lotados. Finalmente veio a proposta final, ficar mais 24h em Nice num hotel e pegar o vôo do dia seguinte. Ponderei as alternativas (não tinha muitas mesmo) e aceitei. Tentei de todas as maneiras conseguir uma compensação (por exemplo, voltar para SP na classe executiva), mas nada... a única coisa que eu consegui foi um voucher para o almoço no dia seguinte.

Nesse meio tempo ainda liguei pra um amigo meu, já que deveríamos nos encontrar em SP na manhã do dia 10/12 e expliquei a situação.

Passados uns 40 minutos, a van do hotel finalmente apareceu. Apesar ter ficado num hotel bom (4 estrelas), a noite foi relativamente conturbada. Dormi mal e não havia nada na TV (bom... isso eu já sabia). Na manhã seguinte ainda sai para dar uma caminhada, mas como o hotel e o aeroporto ficam a 7 km do centro de Nice, não tive muitas opções.

Obviamente eu poderia ter ido de ônibus, mas a empresa aérea pagou apenas uma diária, e isso significa que eu precisei fazer check-out do hotel as 12h00min h. Assim, almocei e me encaminhei mais uma vez para o aeroporto e mais uma vez munido do livro.

O vôo Nice - Zurique correu bem e, apesar de precisar atravessar todo o aeroporto (caminha, escada, caminha, caminha, trem, caminha, escada, caminha, caminha, caminha, caminha, caminha e caminha mais um pouco), cheguei ao portão de embarque com uma folga relativamente boa, tanto que ao chegar ainda havia lugar pra sentar.

Outra vez procurei refúgio no meu livro e fiquei alheio ao que acontecia ao meu redor. Chegada à hora do embarque, eu parti em busca do meu assento dentro da aeronave.

Chegando perto do meu acento, os prognósticos não eram bons. Havia crianças chorando e gritando. Olha daqui, confere dali e o momento fatídico chegou. Como fora prometido pela empresa aérea, eu sentaria no corredor, mas na minha direita estaria uma mãe, uma criança de uns quatro anos, outra criança de uns seis anos e mais uma criança de colo. Olhei pra cima e pensei comigo mesmo "por quê??? por quê???".

Entretanto, as minhas preces foram ouvidas e o comissário de bordo perguntou se eu aceitaria trocar de lugar com o pai da prole. O homem estava sentado também no corredor, mas do outro lado. Sem ao menos titubear, eu disse:

"Mas é claro, eu não ousaria deixar uma família separada" (sim, foi quase maquiavélico).

Acabei sentando do lado de uma brasileira e conversamos um pouco, foi através dele que eu soube que outros 2 brasileiros estavam sendo deportados, mas não entrei em detalhes. O fato curioso ocorreu quando ela perguntou de onde eu era. Respondi que eu sou do interior de SC, mais curioso ainda foi quando ela pediu exatamente de onde eu era. Respondi "Videira" e ela começou a rir... a tal menina é de Treze Tílias (exatos 27 km de distância de Videira).

O resto do vôo foi mais uma combinação de horas mal dormidas e espera. Por volta das 07h30min do dia 10/12, finalmente coloquei os pés em solo brasileiro.

continua...

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Pela estrada afora, eu vou bem sozinho...

O fatídico dia de deixar a França chegou. Era 09 de dezembro de 2009.

A parte da manhã fora reservada para limpar a casa, pois na função de arrumar malas, despachar livros e me livrar de uma papelada interminável, eu parecia estar morando num local que nunca havia visto uma vassoura.
Embora eu estivesse cansado, levantei cedo e comecei a limpeza. Por volta das 10h00min h tudo já estava pronto, então fui atrás de um taxi para que me levasse ao aeroporto. Depois de ter deixado o rim combinado com o taxista, voltei pra casa.
As 13h30min estava marcada a vistoria do imóvel. Numa pontualidade inglesa, a mãe do proprietário, uma senhora simpática de 89 anos, ligou pra mim dizendo que já estava na frente do prédio. Desci para buscá-la e começamos a conversar. Numa rápida olhada ela disse que tudo estava OK e começou a contar parte da sua vida. A conversa foi agradável e acho que a velhinha gostou de mim, pois ela pediu se eu era solteiro e ainda disse que tinha uma neta muito bonita :-)

Exatamente às 14h30min a senhora partiu com as chaves e lá estava eu aguardando o taxi com uma mala grande (28 Kg), uma mala média (26 Kg) e uma mala pequena (14 Kg), além de uma mochila que deveria pesar outros três ou quatro quilos.
Como eu havia marcado o taxi para as 15h00min h, sentei no meio-fio para esperar e observar o local onde eu havia vivido nos últimos 16 meses.

Na hora marcada, o taxi chegou e nos encaminhamos para o aeroporto. A viagem foi tranquila, pois não era hora do rush e o motorista optou por ir pela "Bord de Mer", isso também permitiu uma última olhada de perto daquele mar azul-anil (ai que aperto no coração). O aperto no coração não era de partir, mas sim o partir sem a perspectiva de voltar.

Aproximadamente 15h40min eu já estava no terminal 1 do aeroporto de Nice. Verifiquei o horário do check-in e descobri que o meu abriria somente às 16h45min. Como eu me conheço, resolvi passar no balcão da Swiss International Airlines para confirmar o peso das bagagens. Como a minha passagem havia sido comprada no Brasil, eu tinha direito de 2 peças de 32 quilos e uma bagagem de mão. Depois de uma rápida olhada, tudo estava OK (música-tema de fundo que representa um milagre!).

Como havia ainda 1 h de espera antes do check-in abrir, sentei num banco e comecei a ler o livro Plataforma. Faltando uns 10 minutos para o check-in abrir. Depois de aproximadamente 30 segundos na fila, uma voz feminina disse:
"Monsieur Loss!"

Já prevendo encrenca, olhei desconfiado. Era a menina que havia me atendido cerca de 50 minutos antes no balcão.
Com um sorriso meio amarelo (e não era por falta de escovar os dentes) ela disse: existe um pequeno problema com a sua passagem, ninguém lhe avisou??

(milagres nunca duram muito comigo)

continua...

terça-feira, janeiro 05, 2010

Não confio em ninguém com 32 Dentes

Pois é... na minha primeira semana no Brasil eu fui ao dentista fazer uma visita de rotina.
Olha daqui, olha dali e tudo estava normal, salvo a tradicional dificuldade de passar o fio dental na arcada inferior. Para desencargo de consciência, o dentista resolveu fazer um raio-x e descobriu que os meus dentes do siso (inferiores) não haviam nascido. Pior... eles estavam pressionando a arcada dentária. Depois desta constatação a frase dele foi:
"você vai ter que tirar isso, cedo ou tarde"

Já que não havia escapatória, eu escolhi a opção "cedo" e a primeira fase foi hoje de manhã.

Por volta das 08:45 eu já estava no consultório do dentista para remover o dente do siso no lado inferior direito. Depois de um pouco mais de 1 hora, umas 6 dúzias de anestesia, muita força por parte do dentista e muita paciência, finalmente o "feliz" saiu. No lugar do dente ficaram 3 pontos uma vertente de sangue e agora a dor (mas só dói quando eu respiro).

Pra variar, comigo nada é fácil. Em alguns momentos eu achei que ele não ira dar conta do recado. Já em outros momentos, parecia que havia uma empreiteira inteira trabalhando dentro da minha boca (contam-se ali todas as ferramentas imagináveis).

Agora parte do meu juízo se foi... e, digamos que como resultado disso tudo, o meu humor não é dos melhores.

Devido ao trabalho que deu, a próxima consulta ficou marcada para o dia 15/01, apenas para avaliação. Segundo o dentista, não seira saudável tentar extrair o outro dente antes do final do mês.

Update: Agora não dói quando eu respiro, dói quando eu viro o pescoço (pra qualquer lado), quando eu engulo algo e quando eu respiro. Que fase!